A Prática do ESG em Escritórios de Advocacia: compromisso com Diversidade, Inclusão e Sustentabilidade
Por Bianca Pesce Fonteles Cabral
O conceito de ESG — sigla para Environmental, Social and Governance — tem se tornado cada dia mais relevante no mundo corporativo, sendo essencial para organizações comprometidas com práticas sustentáveis, responsabilidade social e conduta ética. Embora mais comum em empresas dos setores industrial e financeiro, o ESG tem crescido de forma acelerada em setores de prestação de serviços, como os escritórios de advocacia.
Em um cenário em que clientes, profissionais da área e a sociedade como um todo exigem posturas mais transparentes e responsáveis, os escritórios jurídicos vêm se adaptando e implementando políticas e práticas alinhadas aos pilares ESG, não apenas como um compromisso institucional com relação a questões ambientais, sociais e de governança, como também uma visão estratégica voltada à sustentabilidade e à reputação da marca.
Este artigo tem como objetivo apresentar a importância da adoção de iniciativas ESG por escritórios de advocacia, destacando exemplos voltados à diversidade, inclusão, responsabilidade ambiental e integridade organizacional.
Quando olhamos para o pilar ambiental, o que se propõe é que as organizações reconheçam seu papel no cuidado com os recursos naturais e no enfrentamento das mudanças climáticas. Embora escritórios de advocacia não sejam grandes emissores de carbono ou geradores de resíduos industriais, é possível implementar uma série de boas práticas capazes de reduzir o impacto ambiental da atividade.
Dentre as principais ações adotadas por escritórios atentos à pauta ambiental, destacam-se: a digitalização de processos para reduzir o uso de papel, o incentivo ao uso racional de energia e água, a escolha de fornecedores com compromissos sustentáveis, a adesão a políticas de reciclagem e distribuição e incentivo de uso de copos e talheres não descartáveis. Cada dia se torna mais importante a promoção de campanhas internas de conscientização ecológica, deixando os colaboradores mais atentos às pequenas atitudes que podem ser adotadas no dia a dia e que causam grande impacto no meio ambiente.
Dos exemplos acima, podemos citar medidas simples como (i) colar adesivos perto de interruptores, nas saídas das salas, que ajudem os colaboradores a se lembrarem de apagar as luzes quando não estiverem no ambiente; (ii) fixar adesivos perto de torneiras nos toaletes e cozinhas para que evitem o desperdício de água; (iii) distribuir brindes como copos biodegradáveis, garrafinhas de água e canecas para que evitem o uso de copos plásticos para o consumo de água e café ao longo do dia; (iv) oferecer sacolas sustentáveis evitando o uso de sacolas plásticas, entre outras iniciativas.
Essas iniciativas revelam que, mesmo no setor jurídico, é possível contribuir para a preservação do meio ambiente, assumindo uma postura responsável diante das urgências climáticas e sociais do nosso tempo.
Já quando falamos no pilar social do ESG, estamos tratando das relações da organização com seus colaboradores, clientes e a comunidade em geral. No contexto dos escritórios de advocacia, isso se traduz em políticas efetivas de diversidade e inclusão, programas de desenvolvimento humano e ações de responsabilidade social.
Muitos escritórios vêm estruturando comitês de diversidade, por meio dos quais realizam eventos como treinamentos sobre preconceito, equidade de gênero, inclusão racial, acessibilidade e respeito à comunidade LGBTQIAPN+, bem como elaborando códigos de conduta, fazendo parte de material interno que deve ser lido por todos que ingressam nos quadros dos escritórios. Essas medidas não apenas atendem a uma demanda externa, como também contribuem para a formação de um ambiente de trabalho mais leve, respeitoso e justo.
Além disso, têm sido criados comitês voltados à saúde mental, ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Palestras e rodas de conversas com trocas de experiências e dicas sobre como conciliar vida pessoal com o trabalho, maternidade, casamento, vida financeira e exercícios físicos têm sido um sucesso entre os times. Eventos externos aos finais de semana que incentivam uma vida mais saudável como participação em corridas de rua, aulas de beach tennis, lutas e danças, trilhas e caminhadas têm ganhado cada dia mais adeptos, aproximando os colegas de trabalho e equilibrando as dificuldades da rotina em escritórios com momentos de lazer.
O último pilar do ESG, a governança, diz respeito a como a organização estrutura suas decisões, gerencia riscos e assegura sua integridade institucional.
É essencial que os escritórios implementem códigos de ética, canais de denúncia internos e políticas de prevenção a conflitos de interesse.
A governança eficiente, aliada à diversidade e à sustentabilidade, não apenas protege o escritório de riscos reputacionais e jurídicos, como também consolida uma cultura organizacional coerente com os valores contemporâneos de responsabilidade e equidade.
A incorporação de práticas ESG por escritórios de advocacia vai muito além de uma tendência: trata-se de uma evolução necessária diante das novas expectativas da sociedade, do mercado e dos próprios advogados. A implementação de iniciativas que promovem a sustentabilidade, a inclusão social e a governança ética, fortalece não apenas a imagem do escritório, mas também o desempenho interno e a capacidade de atração e retenção de talentos.
Escritórios que compreendem a relevância estratégica do ESG posicionam-se como protagonistas na transformação do setor jurídico, construindo um ambiente mais consciente, transparente e justo — dentro e fora das salas de reunião.
